Santos populares não saem à rua

14/06/2020

Nunca as festas de Santo António tinham sido tão tristes! Os típicos bairros de Lisboa presenciaram uma noite sem sardinhas e copos na rua, sem música popular e sem desfiles a descer a Avenida da Liberdade. Do mesmo jeito, um pouco por todas as localidades onde o santo é padroeiro, como Vale de Cambra e Estarreja isso também aconteceu. Mas o que mais confusão fez foi ver as ruas sem gente. E, o culpado de tudo isto foi o novo coronavírus, que obrigou a medidas especiais, impedindo arraiais e bailaricos, e mais a bela da sardinha assada a pingar num bocado de boroa. No entanto, a vertente religiosa foi cumprida e a missa em honra de Santo António realizou-se, e nem as obras foram impeditivas, como no caso de S. João da Madeira. Agora, o mesmo cenário é esperado na noite de S. João.

O Santo António nunca tinha sido assinalado de forma tão triste. Pelas ruas dos bairros típicos lisboetas e de localidades onde o santo é padroeiro, como Vale de Cambra e Estarreja, não se ouviu o som da música popular, os bailaricos, as marchas populares, a sardinha assada a pingar num bocado de boroa, sempre bem regada. Faltou o fumo e o cheiro que emana dos fogareiros em cada esquina, os manjericos e a alegria de um povo que gosta das suas tradições. 

Desta vez, mais confinados e em modo privado, se viveu uma noite de santos populares, onde a vertente religiosa, pelo menos essa, foi cumprida. A missa em honra de Santo António, com a tradicional distribuição do pão, realizou-se, apesar do distanciamento social e a obrigatoriedade do uso de máscara.

Missa Campal em honra de Santo António, em S. João da Madeira

Em S. João da Madeira, nem as obras na Capela de Santo António foram impedimento para a realização da cerimónia religiosa, que voltou a juntar os fiéis, num espaço que abriu propositadamente, mesmo ainda estando a ser alvo de obras de beneficiação. De manhã, uma missa dentro da capela e à noite missa campal, rezada à entrada, e que teve os fiéis distribuídos no largo que circunda a capela, que também se encontra em obras.

Grande parte das obras de beneficiação da capela estão concluídas

“A capela ainda não está completamente restaurada. Falta todo o presbitério. Mas valeu a pena usar a capela neste dia”, referiu Álvaro Rocha, pároco de S. João da Madeira.

Agora, o mesmo cenário é esperado em dia de S. João. O Porto, onde os festejos são vividos com maior intensidade, não vai haver os bailaricos e as sardinhadas, os martelos e os alhos porros, o fogo de artifício na Ponte D. Luís e o mar de gente que habitualmente preenche as ruas da cidade. Rui Moreira determinou que na noite de 23 para 24 de junho não haverá transportes a circular na cidade nem música nas ruas, que “estarão a funcionar normalmente, mas com fiscalização e policiamento reforçados”, garante o município em comunicado. O edil da invicta apela para que, então, as sardinhas “sejam comidas em família e que não se estrague, numa noite, o admirável exemplo de civismo que os portuenses têm dado ao país”.

Venda ambulante de manjericos não vai faltar no Porto

Apesar das Festas de S. João terem sido canceladas, a autarquia pretende manter viva a tradição da venda ambulante de manjericos nos habituais dias do calendário da festa de S. João, tendo em conta a atual tendência positiva na evolução do combate à pandemia de Covid-19 e por considerar que esta atividade não agrava os riscos para a segurança e saúde públicas. Entretanto, Rui Moreira afirma que os portuenses são livres de assinalar a data, se assim o entenderem, quer “deambulando pela cidade” quer organizando-se em pequenos grupos, mas deixa o conselho para que sejam evitados grandes aglomerados.

S. João da Madeira não foge à regra e as festas da cidade estão também canceladas. As habituais marchas populares das escolas da cidade, que costumavam abrir o programa de festas, não vão sair à rua, bem como toda a atividade em torno da festa, com a execessão da celebração religiosa, que será cumprida dentro das regras de segurança.

DGS e INEM associaram-se para assinalar o Santo António

A Direção-Geral de Saúde e o INEM não quiseram deixar passar a data em claro e uniram-se para assinalar o dia de Santo António, que este ano foi celebrado de forma diferente. Nesse sentido, deixaram o apelo para o respeite das medidas de prevenção da Covid-19, como o distanciamento físico, a lavagem frequente das mãos, a etiqueta respiratória e a utilização de máscara em espaços fechados, usando o manjerico e as quadras para o fazer.

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