O poder curativo e relaxante da gratidão

28/06/2020

Num daqueles dias em que o trabalho foi mais cansativo do que gratificante, sento-me no sofá com o intuito de descansar o corpo e desligar a mente. Porém, ela nem sempre obedece às minhas ordens e lá teimou em vaguear, passando em revista o dia em jeito de balanço. Há um leve sentimento de culpa por ter deixado algumas tarefas pendentes tal era o cansaço psicológico que até calafrios me fez sentir. Há também um sorriso na cara quando me lembro das parvoíces que tornam os dias mais leves e resultam do facto de estar integrada numa equipa competente, dinâmica e bem divertida. Com memórias de momentos agradáveis espera-se que as dores na cervical se tornem menos intensas.

Ao mesmo tempo que tento relaxar, procuro contrariar os pensamentos que alimentam a minha falta de energia. Sabem aquela sensação de chegar a casa derreada, sem ação, apática e só a pensar em deitar a cabeça na almofada? É essa mesmo e acontece a todos, quer gostemos ou não do papel profissional que desempenhamos.

Apoio as pernas e aconchego-me mais, de modo a sentir o meu corpo em contacto com o sofá. Dou graças por poder estar em silêncio uns breves minutos. O balanço do dia continua. Intercalo as lembranças dos falhanços com episódios que valem ouro e pelos quais me sinto grata. São aqueles momentos em que, sem prever, nos aquecem o coração e nos dão alento para continuar a fazer o melhor que sabemos.

É a despedida sentida de alguém que deixa de colaborar connosco, mostrando-se agradecida por ter sido bem integrada na equipa e pelo bom ambiente de trabalho que “é raro encontrar”. É o “obrigado por tudo” de quem não esperamos. É o querer levar uma flor para ficar com uma recordação do local onde o seu familiar esteve e foi “muito bem tratado”. Estes são exemplos que mostram que estamos no caminho certo. É provável que estas pessoas não se cruzem connosco no futuro, mas já deixaram algo apenas por terem passado pela nossa vida. Afinal, “aqueles que passam por nós, não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupéry). Tão verdade!

Sinto-me privilegiada por poder compartilhar estas experiências com pessoas que possuem um alto nível de responsabilidade e humanismo. São estes momentos que, quando tudo passar, perduram no tempo e nos ajudam a ser melhores seres humanos e profissionais. Momentos que nos ensinam a sentirmo-nos gratos por tudo o que vivemos, do menos bom ao muito bom. Momentos que nos mostram que vale sempre a pena sermos “todo em cada coisa” e pormos quanto somos no mínimo que fazemos. E se o fizermos com o coração, melhor ainda.

Entretanto, o corpo está relaxado e a mente apaziguada. A sensação de dever cumprido permite-me ter um sono descansado e ganhar forças para um novo dia.

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