22/09/2022
De amanhã, dia 23, até domingo, dia 25 de setembro, decorrem as Jornadas Europeias do Património 2022, uma iniciativa conjunta do Conselho da Europa e da Comissão Europeia, este ano subordinada ao tema “Património Sustentável”. Nesse contexto o Museu de Lamas preparou um programa que inclui visitas orientadas, livres, restauro ao vivo, visita noturna, onde se destaca a visita da exposição Rota do Mediterrâneo, tudo com entrada gratuita.
Este fim de semana o Museu de Lamas vai estar de portas abertas e com entrada gratuita para as diversas visitas às suas instalações e exposições, integrado nas Jornadas Europeias do Património, que acontecem entre os dias 23 e 25 de setembro. O tema “Património Sustentável” convida o publico a explorar e a proceder a uma reflexão conjunta acerca de quais as medidas que podem ser tomadas para proteger o rico e diversificado património cultural europeu em virtude da ameaça corrente das alterações climáticas e da degradação ambiental. Deste modo, “o foco estará no papel ativo das comunidades e do património no processo de construção de um futuro mais sustentável e resiliente”.
Programação do Museu de Lamas
Visitas orientadas à exposição permanente do Museu – 23 a 25 de setembro, 11h00/15h30, entrada gratuita. Marcação prévia obrigatória (22 744 74 68 ou geral@museudelamas.pt).
Popularmente apelidado de “Museu da Cortiça”, tal epíteto revela-se redutor perante a realidade e variedade expositiva que o Museu Santa Maria de Lamas alberga. Atendendo à forma como este acervo foi reunido e conjugado pelo seu fundador, o icónico Henrique Amorim (uma das, senão a figura mais importante da história da indústria corticeira em Portugal até aos 1970), este espaço é, sem sombra de dúvida, um caso particular na História da museografia portuguesa do século XX. Especificamente daquilo que se praticou algumas décadas antes e durante o Estado Novo.
Na globalidade da sua extensão, este complexo museológico arquiva e expõe um acervo singular, recuperado e reorganizado a partir de 2004, que exibe perante o seu público Coleções e centenas, senão milhares de peças de Arte Sacra (retábulos, altares, esculturas de imaginária, pintura, gravura, ex-votos, cruzes, crucifixos, paramentaria, alfaias litúrgicas, missais, ourivesaria, etc.); Estatuária Portuguesa; Etnografia; Ciências Naturais; e ainda um conjunto de peças, utensílios, engenhos e objetos que refletem a identidade económica, industrial e até social de Santa Maria de Lamas. Uma localidade que, a reboque do fundador do Museu, se tornou no maior centro transformador de cortiça a nível mundial. Ou seja, como epílogo este espaço contém o denominado “Núcleo Museológico da Cortiça”, constituído por Esculturas em cortiça ou aglomerado de cortiça e alguns exemplares de Arqueologia industrial (maquinaria e utensílios diversos correspondentes ao processo rolheiro tradicional e utilizados pela Indústria transformadora de Cortiça entre os séculos XIX e XX).

Pelo tipo de espólio que alberga e programação que disponibiliza, este Museu é um espaço relevante no panorama português. Não só pela evocação de histórias e estórias que possibilitam um maior conhecimento acerca do património e da arte portuguesa em diversos dos seus estilos e períodos de desenvolvimento, como pelo frenesim cultural, social e pedagógico das atividades que promove. Por todas estas particularidades, recentemente, em maio de 2022, o Museu de Lamas foi merecedor de um prémio e uma menção honrosa nos principais galardões da Associação Portuguesa de Museologia, os “Prémios APOM”.
Visita livre à exposição permanente do Museu – 23 a 25 de setembro, 09h30 às 12h30/14h00 às 17h30, entrada gratuita.
Restauro ao vivo no Museu – 23 a 25 de setembro – 09h30 às 12h30/14h00 às 17h30, entrada gratuita.
O Museu procura diversificar e enriquecer as suas visitas, oferecendo experiências e conteúdos diferenciadores, agregados a novas oportunidades de aprendizagem em pleno contexto museológico. Nesta linha, a ideia do “Restauro ao vivo” no Museu de Lamas tem por base a tentativa de promover uma maior interação e conhecimento do público diante da realidade correspondente à preservação, estudo e promoção do Património. Ou seja, este tipo de atividade permite ao observador, em pleno contexto de visita ao Museu, a observância de intervenções de conservação preventiva e restauro, outrora restritas ao vislumbre do público.

Para além da via sensorial e observadora, em termos cognitivos e de produção de conhecimento, o “Restauro ao vivo” pretende incutir no visitante uma maior sensibilidade para todos os passos, regularidade e exigência que a preservação ou manutenção especializada de um acervo deste género necessita. Esta iniciativa revela a realidade por detrás da obra de arte e a laboriosa tarefa do conservador restaurador que, de forma pedagógica e apelativa, esclarece questões, enumera e apresenta, em confronto direto, os problemas e as devidas resoluções do espólio em intervenção.
A Rota do Mediterrâneo – 23 a 25 de setembro – 09h30 às 12h30/14h00 às 17h30, entrada gratuita.
“A Rota do Mediterrâneo” é o nome da assumidamente perturbadora exposição de fotografia que permanecerá no Museu de Lamas até ao dia 25 de setembro.
Cedida na sua totalidade pela Agence France-Presse, esta seleção de fotografias, apresentada pela primeira vez em formato de exposição, abrange o trabalho de vários fotojornalistas premiados internacionalmente, como são os casos, entre outros, do grego ArisMessinis ou do italiano Andreas Solaro.
Do ponto de vista temático, “A Rota do Mediterrâneo” e os instantâneos que dela fazem parte, procura descrever, nas suas diferentes fases, a crueza e o drama da crise dos refugiados na travessia do Mediterrâneo, uma das rotas de migração mais mortíferas da história da humanidade.
Para acolher este conjunto de imagens inquietantes, o Museu de Lamas sofreu uma transformação inusitada, composta por uma panóplia de instalações artísticas disseminadas pelo trajeto que o visitante segue, obrigatoriamente, até chegar à “Rota do Mediterrâneo”.

Como propósito, estas intervenções e os objetos que as constituem almejam a tentativa de preparar o público para o impacto da exposição em si, que se encontra situada na última sala desse percurso. Esse espaço corresponde ao da antiga e icónica “Sala da Cortiça” do Museu, que hoje, através das fotografias e da ambiência que as rodeia, proporciona uma experiência imersiva a quem a visita. Obrigando, por exemplo, a que cada um caminhe sobre areia e sob a “superfície do mar”, uma analogia àquela superfície turbulenta que os barcos frágeis, clandestinos e apinhados atravessam no Mediterrâneo, na esperança por um futuro melhor, condição que, na maioria das ocasiões, nem sempre alcança o dito “porto seguro”.
Visita Noturna ao Museu – dia 23 de setembro, entre as 21h30-24h00, entrada gratuita.
Os responsáveis do Museu de Lamas lançam o repto aos visitantes para que aproveitem a última oportunidade que tem para visitar A Rota do Mediterrâneo “com a noite a coroar o teto da sala onde decorre, numa envolvência distintiva e arrebatadora, esta exposição fotográfica. Além da exposição A Rota do Mediterrâneo e das instalações artísticas que a antecedem, o próprio percurso e acervo permanente do Museu tem outra “magia” quando observado em horário noturno. Esperamos por si. Não perca esta oportunidade única”.