
Estamos a viver sempre em tele alguma coisa. Será tudo a mesma coisa?
19/05/2020
A pandemia do COVID-19, força-nos a cada dia a um novo aprendizado e novas necessidades. Vários dos nossos hábitos têm-se adaptado, ou se preferir, têm sido forçados a se adaptar. Tudo agora é tele alguma coisa: teletrabalho, teleaula e até telemedicina. Nesse caso específico, há uma confusão no ar: telemedicina, teleassistência e teleatendimento. Será tudo igual?
Na verdade, nenhum deles é novo. Já existem há anos, mas nunca foram tão potencializados e valorizados como agora, mas ainda é preciso distinguir as três formas de comunicação, pois cada um é diferente e tem funções bem claras. Dentre essas modalidades, a mais conhecida é o teleatendimento. Muito antes da pandemia, vários setores ligados à saúde, já usavam para oferecer esclarecimentos, tirar dúvidas e até indicar algum método terapêutico aos usuários de algum sistema de seguro. De qualquer forma, sempre foi um meio complementar de atenção ao utente. Quase sempre uma forma provisória de resolver ou contornar um problema. Agora, com a necessidade de distanciamento e reclusão, esses métodos estão a desenvolver, e com isso surge a necessidade de se distinguir qual deve ser usada e quando.

Telemedicina
A telemedicina é o conjunto de ferramentas que permitem que um utente seja atendido. É, na verdade, a insfraestrutura que faz funcionar o sistema que ajuda as pessoas a não saírem de casa e terem algum suporte que apenas dependa de observação, narrativa e autorizações, por exemplo, obter uma receita médica, encaminhar um utente a uma especialidade, definir uma emergência, etc.
Para que a telemedicina funcione como deve, é necessário que tudo sobre um utente esteja disponível num sistema. É importante que haja transparência por parte do utente e também que haja uma tecnologia de última geração dando suporte a cada passo do processo. Outro elemento fundamental é a confiança mútua. Utente e aquele que atende têm de se entender sem perda de tempo.
Nesses novos tempos, a demanda passou para mais de 300% em países onde a teleconsulta já é permitida.
Teleassistência
O método já é bastante conhecido por idosos e há muitas empresas se mantendo no mercado com essa modalidade. Agora, com as necessidades geradas pela pandemia, a teleassistência, passou a ter um papel mais amplo. O que estava, de certa forma, limitado ao monitoramento de idosos, ou a venda de botões de pânico para velhinhos solitários, passou a ser uma atividade de grande importância no acompanhamento de infectados e suspeitos que precisam ficar em casa durante as quarentenas.
A teleassistência é uma forma de se saber em tempo real o que acontece com um utente poder tomar decisões rápidas e objetivas. Continua a ser um serviço usado prioritariamente por idosos, pois como grupo de risco, ainda são dependentes de atenção especial e nem sempre tem a facilidade de um parente por perto. A dependência desses canais tecnológicos é fundamental.
Teleatendimento
Também conhecido como teleconsulta, é qualquer tipo de atendimento que se faça por áudio ou vídeo com profissionais da saúde. Nesse caso é mesmo uma consulta, que você inclusive paga normalmente, apenas não precisa sair de onde está. Tem sido o meio mais explorado pelas plataformas médicas durante a pandemia. Não sendo necessário algum contato físico e se depender apenas da informação, a ferramenta é muito interessante.

Se durante a conversa com o profissional, se perceber a necessidade de um encaminhamento para um atendimento presencial, então esse providências são tomadas de imediato. Em casos com menor complexidade, tudo se pode resolver somente via telemóvel ou computador e termina ao toque de uma tecla.
As empresas cada vez mais investem no desenvolvimento de sistemas de teleconsulta ou teleatendimento como uma forma de evitar o trânsito de pessoas em hospitais e consultórios para simples avistamentos ou mesmo reencaminhamentos que tomam um dia inteiro e que podem ser resolvidas em minutos.
Além disso, os custos para os sistema de saúde e o consumo de recursos é imensamente menor, mesmo considerando os custos de desenvolvimento e implantação. Não podemos esquecer que o desenvolvimento e implantação desses sistemas é feito, quase sempre, uma vez só e depois basta manter, enquanto a manutenção de áreas prediais, salas e estruturas de atendimento são extremamente caras e cada vez mais raras.
Segmentação
Nesse mercado se abriram oportunidades para vários tipos de empreendimentos. Há empresas que, por exemplo, se especializaram em apenas marcar consultas. Com APPs que permitem ao utente buscar médicos em qualquer lugar do país, tendo em seus bancos de dados todo tipo de especialidade com muita disponibilidade de horários. São médicos, infectologistas, clínicos gerais e otorrinolaringologistas, que se colocam à disposição para atender.
Outras empresas se especializam no desenvolvimento de plataformas seguras para as consultas, outras na guarda dos ficheiros com os históricos dos utente. E assim o mercado está repleto de oportunidades para utentes e prestadores de serviços.
E o futuro?
Em princípio, ou melhor, no princípio, os médicos torcerem o nariz para essa tendência. Segundo a maioria, isso lhes impediria a liberdade de um diagnóstico completo. Hoje em dia já se tornou uma ferramenta que aumenta, em muito, o acesso da população a profissionais de alto nível.
Naturalmente, estamos longe de considerar a telemedicina um consenso ou mesmo achar que no futuro não haverá mais o médico com fato branco para se ver de perto, mas já se acredita que 70% das consultas de pré-natal, em pouco tempo será feita por telemedicina. Nas demais modalidades, poderá passar de 50%. Podemos pensar em como desconfiávamos dos sistemas bancários no início e como hoje nem pensamos em ir a uma sucursal ou como isso nos dá arrepios.