
Empresários sanjoanenses criam viseiras cirúrgicas para oferta
26/03/2020
Dois empresários de S. João da Madeira colocaram pés ao caminho e encontraram apoios para produzirem viseiras cirúrgicas para oferecer a profissionais de saúde. As suas empresas juntaram-se e reuniram mais 14 empresas da região que forneceram materiais para que o projeto pudesse ser uma realidade. Nesta primeira fase o objetivo são 2000 viseiras que ficam prontas esta quinta-feira, e serão doadas aos centros de saúde de S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis, Hospital S. Sebastião, de Gaia e IPO, bem como à Câmara Municipal de S. João da Madeira.
No âmbito do combate ao Covid-19, dois empresários e amigos juntaram-se para concretizar um projeto solidário e de apoio aos profissionais de saúde, que diariamente se deparam com a escassez de equipamento de proteção, mas que têm de trabalhar e lutarem para ajudar quem mais precisa, muitas das vezes com o perigo à espreita.
É de conhecimento público os pedidos diários dos hospitais e dos profissionais de saúde a apelarem para que a comunidade colabore. E, estes dois amigos nem olharam para trás na hora de avançar com o projeto. Para Tiago Goméz, da Footure, que se diz não sentir bem parado, falou com o seu amigo Carlos Pinho, da Doss e lançou-lhe o repto, que foi aceite. “Começamos a fazer umas pesquisas e percebemos que não era assim tão difícil de construir”, afirmou, com base do que viu ser feito na China. “Mas, nós queríamos fazer uma coisa melhor, utilizando uma espuma de 20 mm”, sempre a pensar num produto que pudesse ser homologado. E, nesse sentido, falaram com médicos e enfermeiros para perceberem na realidade aquilo que eles precisavam para trabalhar confortavelmente e em segurança.

Para Tiago Gómez, “O objetivo não foi ainda a certificação do produto, porque não temos a intenção de comercializar. Esta é uma doação que estamos a fazer, para ver se chega o mais rápido possível aos hospitais”, com o objetivo de colocar, logo que possível, estas proteções ao serviço dos profissionais de saúde, assegura. Segundo o empresário sanjoanense, estas viseiras serão de uso quase descartável, com a possibilidade máxima de uma ou duas reutilizações, até porque não tem a certeza se o elástico pode ser esterilizado. As viseiras são feitas em vinil acetato, com elástico de 25 mm, velcro para ajustar as viseiras e espuma de 20 mm. “Eu tenho alguns materiais, mas não possuía a totalidade, e aproveitei-me da minha rede de contactos, e logo no primeiro dia consegui todos os parceiros e o material que precisava”, tendo conseguido produzir 150 viseiras. No projeto, para além dos mentores da ideia estão envolvidas mais 14 empresas parceiras, com a cedência de materiais e também com alguma mão-de-obra. “Eu faço o corte e o acabamento na minha empresa e outras fazem a montagem”, e assim se conclui um projeto solidário. Tiago é muito objetivo quanto a este projeto, “Eu espero que isto possa ser a alavanca para evitar a propagação do vírus e eu possa voltar ao ativo mais rapidamente”, confessou.

A Footure é uma pequena empresa de S. João da Madeira, que tem apenas oito funcionários, no entanto, está a laborar com todas as regras de segurança, para também não colocar em risco quem está a querer ajudar os outros. Mas, apesar de se tratar de uma pequena empresa, a grandeza desta missão, que travou juntamente com o seu amigo e as restantes empresas que estão a apoiar com a cedência de materiais, é muito grande. Tiago Goméz agradece aos empresários que se uniram ao projeto, a Olmar, Heliotextil, Manuel Gonçalves Andrade, ERT, Flex 2000, Sollini, Silva e Costa, Turtleshoes, Idepa, Procalçado, Artur Cortantes, Kingsley, Artpedick e Indubor – Enbroidery & Clothes.
“Se todos ajudarmos um bocadinho, esse é o segredo para que isto passe rápido, e assim podermos voltar à nossa atividade, que é isso que sabemos e gostamos de fazer”, concluiu.
Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite também estão a produzir viseiras para oferecer

Entretanto, o Terras Santa Maria teve também conhecimento de outro projeto idêntico, que está a ser criado por um professor do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, em S. João da Madeira. Marco Vasconcelos e os professores de eletrónica, através de um processo de impressão de equipamento de proteção com impressoras 3D, estão também a dar um forte contributo para combater esta falta de material de proteção dos profissionais de saúde.