“Cantar dos Reis em Ovar” já é Património Cultural Imaterial

29/11/2020

O “Cantar dos Reis em Ovar” é a partir desta semana Património Cultural Imaterial de Portugal. Todos os anos, cerca de 600 pessoas envolvem-se nesta tradição. Atualmente conta com 15 troupes de reis de adultos e 11 grupos infantis. Trata-se de uma tradição secular, e o cântico é de cariz religioso. Mas, no caso de Ovar, esta tradição tem características muito próprias.

O “Cantar dos Reis em Ovar” viu ser inscrito em Diário da República, a aprovação da candidatura que o município fez em 2016, e já é Património Cultural Imaterial de Portugal. O presidente da Câmara, Salvador Malheiro, não esconde a satisfação pela aprovação da candidatura. “É um dia muito feliz para Ovar, que vê uma das suas principais tradições inscrita no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”, referiu.

Recuando no tempo, esta prática está documentada ininterruptamente desde o século XIX, tendo no seu centro as Troupes de Reis, no âmbito das quais se dão os processos de transmissão e de renovação dos valores e dos conteúdos subjacentes. Um exemplo, entre outros, é o facto de a música incluir uma sequência codificada de três peças, designadas localmente por Saudação, Mensagem e Despedida.

As Troupes de Reis, que tinham inicialmente alguma semelhança com as «Janeiras», que têm lugar um pouco por todo o país, adquiriu características próprias e originais em Ovar. Em 1893, com o especial patrocínio de João Alves Cerqueira, um conceituado comerciante da praça vareira de então, nasceu a primeira Troupe – a dos “Reis dos Alves” ou “Troupe dos Velhos” e logo outras começaram a surgir. 

A qualidade das Troupes de Reis vareiras desde cedo cativou e impressionou o público, e o que representava um simples ato de cantar as boas festas a favor de obras sociais cresceu e tornou-se num evento de cariz cultural. Assim, as Troupes passaram a apresentar-se em espaços comuns, onde todos podem assistir e apreciar uma tradição com mais de cem anos.

Ovar tem neste momento 15 troupes de reis de adultos e 11 grupos infantis, que no início do próximo ano não vão sair à rua, devido à pandemia, mas a tradição será assinalada com algumas iniciativas publicas redimensionadas às regras da Direção-Geral da Saúde.

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