Banhos de S. Jorge um recanto onde princesas e guerreiros relaxam

12/08/2022

A recriação das práticas ancestrais do termalismo pode ser vivenciada na Viagem Medieval em Terra de Santa Maria. Há 14 anos as Termas de S. Jorge juntaram-se ao projeto e passados todos estes anos é mesmo uma aposta ganha e um dos ex-líbris do evento. Aqui, nos recantos naturais da Quinta do Castelo, pode-se relaxar do reboliço da viagem pela Idade Média, desfrutar das belezas da natureza ao som da harpa, beber um chá e retemperar as forças para mais um dia de descoberta nesta Viagem Medieval.

Ao chegarmos à Quinta do Castelo somos gentilmente recebidos e conduzidos para a nossa primeira experiência de relaxamento da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria. Acabamos de entrar nos Banhos de S. Jorge. Aqui, só por si, envolvemo-nos com a natureza e todas as belezas que a quinta proporciona quase nos fazem viajar no tempo. O cenário, a música da harpa tocada ao vivo que vai ecoando, os espaços de repouso e as tendas onde podemos usufruir de uma retemperadora pulverização das pernas, cansadas de calcorrear os caminhos medievais, já fazem com que a experiência valha mesmo a pena. Mas há mais experiências que se podem vivenciar e que Teresa Vieira, diretora das Termas de S. Jorge, nos explica.

Teresa Vieira – Diretora das Termas S. Jorge

Tudo começou num espaço criado para o efeito junto do Castelo e, a partir daí, os Banhos de S. Jorge foram transferidos para a sua atual localização, a Quinta do Castelo. “O objetivo claro de passarmos para este espaço foi passar aquilo que são os atributos diferenciadores do termalismo, que são a água, o contacto com a natureza, a interação social tranquila e, no fundo, um retemperar de energias. O visitante da Viagem Medieval, que anda a calcorrear por toda a área do recinto, obviamente que fica cansado. Ao subir para o Castelo encontra o nosso espaço a meio do caminho e pode parar, repousar, ter o banho pulverizado das pernas, que é uma forma de ter uma interação com a água e uma sensação de bem estar.

Banho pulverizado das pernas

A isto, junta o repouso na chaise-longue, saboreia um chá, quente ou frio, conforme o que o corpo pede no momento, aprecia um concerto de harpa, a bailarina que vai serpenteando pelos espaços da Quinta, e tudo isto vai acabar por convidar ao relaxamento e descanso”, referiu Teresa Vieira sobre o espaço de eleição para princesas e guerreiros relaxarem.

Banhos de S. Jorge na Quinta do Castelo

Desde as 15h15, todos os dias, até as 22h30, as portas da Quinta do Castelo abrem-se aos visitantes para esta experiência que tem um custo de 3,5 euros para maiores de 10 anos, de 1,5 euros dos quatro até aos 10 anos. No pacote da experiência há dois momentos de animação diária, de 30 em 30 minutos. A Rainha da Paz até às 19h45 e À Noite a Água é Rainha, a partir das 20h30.

À Noite a Água é Rainha

Com a noite a magia do espaço aumenta com a as cores que iluminam a Quinta, e os Banhos de S. Jorge como que ganham outro encantamento. A escolha cabe ao visitante que pode ainda consultar no local todas as outras experiências que as Termas de S. Jorge têm para oferecer ao visitante. “Temos aquilo a que chamamos os unguentos, que são as massagens que podem ser ‘Pernas Cansadas’, a ‘Ombros de Guerreiro’, a de ‘Rosto de Princesa’, a ‘Costas Doridas’, a ‘Corpos Sãos’, que é uma massagem mais completa, ou ainda o pack dos enamorados, que acontece numa tenda no topo da gruta, onde os dois podem usufruir da massagem ao mesmo tempo e, no final, brindar ao amor com o licor Chamoa, associado a uma vista privilegiada”.

Tenda no topo da gruta onde se realizam as massagens para enamorados

Sem custos, mas com a certeza de ser um momento que marcará as suas vidas, são os pedidos de casamento que a Quinta do Castelo tem acolhido por parte de alguns casais enamorados. “Há pedidos que são do nosso conhecimento e, até nos pedem ajuda, outros acabam por acontecer de uma forma discreta, mas que acabamos por perceber através das mensagens deixadas no livro de memórias que temos à saída”, refere.

“Com toda a imodéstia achamos que acrescentamos valor à oferta da Viagem”

Após década e meia de presenças na Viagem Medieval, Teresa Vieira faz um balanço positivo da participação das Termas de S. Jorge no evento. “Com toda a imodéstia achamos que acrescentamos valor à oferta da Viagem. Esta é uma área temática diferenciada que oferece uma experiência e um momento de lazer ímpar aos visitantes. No ponto de vista dos banhos, olhando para trás e pensando que tudo isto começou para resolvermos uma fragilidade de ambientação junto ao Castelo e acabou neste projeto, com a possibilidade da Câmara Municipal passar a ter esta Quinta em comodato e requalifica-la para utilização pública. De certa forma abrimos a Quinta à comunidade e, com a dinâmica que aqui criamos e a forma sustentada como também soubemos usar este espaço foi uma ajuda para convencer que o município era a melhor entidade para fazer a gestão”, afirmou.

Quinta do Castelo acolhe os Banhos de S. Jorge, mas está todo ano aberta ao público

No fundo tratou-se de uma mais-valia para todas as partes envolvidas onde o retorno foi visível. “Primeiro porque as pessoas ficaram a perceber que Santa Maria da Feira não é só os eventos e o Castelo, mas que tem também tem outras ofertas que podem ser usufruídas, ao mesmo tempo que deu a conhecer o que são as termas e o que elas podem fazer pelas pessoas. Acho que isto é uma parceria vencedora, e que nos faz pensar todos os anos como podemos fazer mais alguma coisa para que o visitante possa ser surpreendido”.

Beber um chá frio ou quente é uma das ofertas da experiência

Diariamente há uma média de 25 a 30 pessoas a trabalhar para que os Banhos de S. Jorge possam ser um sucesso. Não é só pessoal que interage com os visitantes, pois como lembra a diretora das Termas, há ainda o pessoal da limpeza que, todos os dias, antes de abrir, preparem tudo “como se fosse o primeiro dia do evento”, até porque, com os cuidados redobrados com a pandemia surgiu uma maior preocupação com a higienização. “Este foi sempre um cuidado que nós tivemos. Mesmo sendo no âmbito da Viagem Medieval e num espírito descontraído tem associado a si a marca Termas e, para nós, era muito importante salvaguardar todas as questões. Assim, dentro do enquadramento mantivemos um protocolo de higienização de toda a zona das pedras e da selha entre utilizações. Entretanto, acrescentamos mais, fazendo a higienização dos pés de todos os visitantes antes de acederem aos banhos. Por isso estou em condições de dizer que as pessoas se sentem seguras, havendo o cuidado de não exceder o limite máximo de visitantes dentro do espaço, ao mesmo tempo que se gere facilmente a movimentação das pessoas no área dos Banhos de S. Jorge.

Com a pandemia houve o cuidado de reforço da higienização

Talvez porque há cada vez mais adeptos do termalismo, Teresa Vieira adianta que “há mais pessoas a quererem experimentar mais coisas e diferentes, entre as quais as massagens. Nos outros anos, por vezes a medo, as pessoas optavam pela massagem “Pernas Cansadas”, ou “Ombros de Guerreiro”, mas este ano das massagens mais solicitadas é a “Costas Doridas”, o que demonstra que anda toda a gente a precisar de relaxar e de fazer termas. Quando falamos em fazer uma massagem numa gruta percebemos que as pessoas estão mais recetivas a vivenciar e a fazer hoje o que não sabe se pode fazer amanhã”. Inclusive a responsável dos Banhos de S. Jorge refere que os mais jovens, mesmo aqueles que “vinham com o dinheiro contado para a sangria ou para o pão com chouriço”, já começam a querer experimentar. “Esta é também uma forma de passar aos jovens exemplos de prazeres saudáveis, um mérito que os Banhos de S. Jorge estão a conseguir”.

Há cada vez mais jovens a aderirem aos Banhos de S. Jorge

E por isso, a ideia de que as Termas eram para um público mais idoso é cada vez mais uma ideia errada. “A pandemia veio trazer o cliente mais jovem, algo que nós começamos a notar ao longo dos dois últimos anos. Os mais velhos tinham medo de sair de casa, enquanto os mais novos não. E nós estamos aqui para todos os públicos”, concluiu.

“O termalismo não é uma moda, mas sim uma atividade centenária”

Para que este espaço possa ser um local de relaxamento, por detrás de todos este cenário está uma vasta equipa experiente que trabalha nas Termas de S. Jorge e, que desta forma, também aproveitou para mostrar aos visitantes que as termas não são uma moda. “O termalismo não é uma moda. Não é algo que surgiu agora, pois a prática dos banhos é ancestral. Manteve-se na Idade Média e chegou aos nossos dias. No entanto, a diretora das Termas lembra que “esta fase da nossa História não foi a época áurea do termalismo o que conduziu a uma Peste Negra, por falta desta prática”. Tratando-se de uma atividade centenária, “o termalismo usa uma água milenar, que obviamente não temos aqui, mas que os visitantes podem usufruir nas Caldas de S. Jorge, onde aguardamos por uma visita”.

Na Quinta do Castelo até domingo pode usufruir desta experiência

De fevereiro até início do mês de dezembro, as Termas de S. Jorge estão de portas abertas, e mesmo com a Viagem Medieval a decorrer estão a trabalhar. E para todos aqueles termalistas que estejam a usufruir de um tratamento, mediante a apresentação do seu boletim de tratamento desta época, mesmo que já tenham terminado, “entram gratuitamente nos Banhos de S. Jorge”. Em sentido contrário, todos os visitantes, levando uma brochura das Termas, “têm um desconto se foram ao balneário termal”.

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