Alguns vendedores desagradados com condições oferecidas pela autarquia

19/07/2020

Mercado Municipal de S. João da Madeira vai entrar em obras, a partir desta segunda-feira, 20 de julho. A requalificação deste equipamento municipal irá arrancar, nesta primeira fase da empreitada, com os trabalhos a focarem-se no 1º piso, mantendo-se os restantes em funcionamento. Nesse sentido, e sempre que as condições meteorológicas o permitirem a zona exterior do mercado será palco para a realização de uma feira semanal ao ar livre, que acontecerá ao sábado, tendo sido ontem a primeira vez que se realizou. Alguns comerciantes mostraram-se descontentes com a solução, que não apresenta as condições adequadas para a realização da sua atividade, conforme referiu Regina Oliveira ao Terras Santa Maria.

Para surpresa de muitos, a manhã deste sábado, 18 de julho, foi diferente, para quem se deslocou ao Mercado Municipal, em S. João da Madeira. Uma feira ao ar livre, com produtos hortofrutícolas, preencheu os passeios contíguos e em frente a este equipamento municipal. A razão para tal iniciativa prende-se com a empreitada de requalificação do edifício do mercado, que arranca esta segunda-feira, 20 de julho.

Cerca de duas dezenas de vendedores do 1º piso, maioritariamente operadores ocasionais, começaram a ser deslocados para o exterior do edifício, numa alternativa que a autarquia promoveu para que possam exercer a sua atividade, colocando várias bancas nos passeios.

Foram colocadas diversas bancas nos passeios

Esta iniciativa irá repetir-se semanalmente, sempre que as condições meteorológicas o permitirem e enquanto decorrerem as obras de requalificação do Mercado Municipal, que numa primeira fase desta empreitada, irão focar-se no 1.º piso, mantendo-se os dois restantes em funcionamento. Por esse motivo, os vendedores irão ser relocalizados dentro do edifício, de acordo com um plano que foi apresentado numa sessão na Casa da Criatividade, onde os comerciantes foram informados das alterações que irão acontecer.

Venda no exterior do Mercado decorrerá sempre que as condições meteorológicas permitirem

O objetivo desta empreitada lançada pela Câmara de S. João da Madeira é requalificar e “modernizar o Mercado Municipal, enquanto importante unidade comercial da cidade e ponto de referência dos consumidores”, e desenvolver-se-á a vários níveis, incluindo a organização dos espaços destinados ao comércio de produtos e serviços, assim como a criação de uma nova imagem promocional para o mercado, “para tornar mais apelativo este espaço, o que passa também pelo reforço da componente de restauração”.

Segundo a autarquia, outra das novidades passa pela criação de uma área devidamente preparada para acolher a venda de animais vivos. Também o comércio de carnes e peixes frescos terá um espaço concentrado e adaptado às especificidades deste negócio.

“É uma injustiça aquilo que nos estão a fazer” – Regina Oliveira (vendedora)

Numa manhã de sol e muito calor, a venda decorreu, mas com descontentamento por parte de alguns vendedores, que consideram não haver condições adequadas para a realização da atividade. Segundo Regina Oliveira, que já vende há muitos anos no Mercado de S. João da Madeira, lembra que na última vez que houve obras “deram nos condições, mas desta vez acho que é um abuso”, desabafou. Apesar de entender que a obra tem já financiamento para avançar, lembra no entanto que “isto está mau”, recordando que a pandemia de Covid-19 os impediu de trabalhar, e que agora vão voltar a ter de enfrentar algumas dificuldades.

Zona do Mercado que vai ser intervencionada já está vedada

“Quem fazia o mercado duas vezes por semana, continua lá dentro, mas quem apenas faz ao sábado, veio cá para fora. A Câmara só está a beneficiar connosco, pois continuamos a pagar”, refere Regina Oliveira, que apesar de só pagar um lugar, diz ter direito a dois. Mesmo assim, acho ser “uma injustiça aquilo que nos estão a fazer”, algo que diz ter ficado bem explícito na reunião realizada na Casa da Criatividade. “Aqui não há condições, porque agora é muito calor e depois vem o frio, pois é bom lembrar que as obras vão durar, pelo menos seis meses”, lamentou.

Esta vendedora refere que a única alternativa apresentada pela autarquia, à atual proposta, foi a do fecho do Mercado durante o período em que decorrem as obras, mas refere ainda que houve quem sugerisse a utilização das instalações da Oliva Creative Factory, “um espaço onde cabíamos todos lá, e com bastante estacionamento, libertando o Mercado”.

Vendedores queixam-se de falta de condições de segurança

Outra situação focada pelos vendedores, que se encontram junto à fachada do edifício, é que têm as suas bancas precisamente na frente das entradas dos espaços comerciais já lá existentes, e isso está a causar algum mal estar. “A senhora desta loja está sempre a implicar com o meu colega, porque ele tem as caixas junto à sua entrada”, assegurou Regina Oliveira, que refere não ser bom para ninguém. A juntar a tudo isto, acrescentou ainda a falta de segurança para os clientes, que “podem cair nas escadas”, não esquecendo o facto de terem de andar a atravessar a estrada, sem que o trânsito automóvel tenha sido cortado, e apenas a colocação de guarda-sóis para os proteger do calor, mas “porque a piscina está fechada”, conforme diz ter-lhes sido informado.

O edifício do Mercado Municipal de S. João da Madeira está localizado na Avenida Dr. Renato Araújo, uma das principais artérias da cidade, e distribui-se por três pisos, apresentando uma área de cerca de 6.100 metros quadrados. Atualmente, aqui pode encontrar peixaria, os lavradores, talhos, venda de animais vivos e as floristas no rés-do-chão, a frutaria, mais talhos, mini-mercado, venda de bacalhau, mercearia no 1º piso e pronto-a-vestir, retrosaria e calçado no 2º andar.

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