
Afinal, máscara, usar ou não?
Nos últimos dias instalou-se uma enorme dúvida sobre o uso ou não das máscaras para evitar o contágio da COVID-19. Afinal, quem tem razão? Que as máscaras são úteis no combate ao COVID-19, até os especialistas concordam. Um dos meios de transmissão mais comuns são as gotículas de saliva que viajam pelo ar e se depositam diretamente em outra pessoa ou ficam em utensílios e peças do nosso dia a dia.
Inicialmente, a OMS (Organização Mundial da Saúde), e outras fontes médicas, diziam que só deveria usar máscaras quem estivesse a tossir ou espirrar, ou ainda quem estivesse a cuidar de doentes infetados. A verdade é que a OMS, enquanto autoridade no assunto, é seguida massivamente por entidades e suas conclusões tendem a ser sempre respeitadas, mas há uma tendência nova e forte a contradizer essas medidas. Começou com postagens em redes sociais, o que não é exatamente uma garantia credível, mas algo mudou.
Há alguma coerência
Médicos e especialistas em todo o mundo andam a reavaliar as diretrizes da OMS quanto ao uso da máscara pela população saudável. Nessa segunda-feira, dia 30, o diretor do Centro de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Robert Redfield, disse à National Public Radio que a entidade estava a reavaliar as regras sobre o uso de máscaras. “É importante porque agora nós temos indivíduos que podem não ter nenhum sintoma, mas podem contribuir para a transmissão”, disse ele.
George Gao, diretor de uma entidade do mesmo tipo na China declarou que o maior erro de Estados Unidos e Europa, tem sido não usar as máscaras como base do combate ao vírus. Segundo ele “o vírus é transmitido por gotículas e o contacto próximo. As gotículas desempenham um papel importante e perigoso no contágio. Você deve usar uma máscara porque quando você fala tem gotículas saindo de sua boca. Muitas pessoas têm infeções assintomáticas. Se usam uma máscara no rosto, previne que as gotículas escapem e infetem outras pessoas.”
Segundo uma pesquisa realizada no Reino Unido, tendo como referência as máscaras mais comuns usadas nos hospitais ingleses, concluiu-se que apesar das limitações, os dados mostraram que elas reduzem a exposição aos vírus infeciosos. Para os profissionais da saúde, a máscara é um equipamento essencial. A distância usual entre os profissionais e os pacientes é um fator determinante para os níveis de contágio.

Outra razão para preocupação é a falsa sensação de segurança que elas passam. Sem saber como usar corretamente, podem pensar que podem tocar os olhos e até descuidar da lavagem das mãos, que continuará sendo a atitude mais importante. Outro fator são os materiais das máscaras. Para serem eficazes, precisam ser feitas de TNT e ter camada interna e externa e ainda ter elemento filtrante.
Claro que no meio de tantas opiniões, não há um consenso seguro nem estudos que comprovem a eficácia de máscaras caseiras, como as produzidas em tecido, mas no âmbito de uma pandemia como a atual, elas oferecem mais proteção do que nenhuma.
Segundos especialistas, mesmo na quarentena, as pessoas precisam de se locomover, usar o transporte público, ir à supermercados e outros ambientes fechados. Na falta de uma máscara “oficial”, uma máscara de pano, descartável e de menor qualidade, usada de forma correta, associada ao cuidado de continuar lavando as mãos e manter a distância de outras pessoas, acaba tendo um papel interessante na proteção.
Segundo um estudo de 2013, publicado no jornal científico Disaster Medicine and Public Health Preparedness, da Cambridge University, cientistas testaram máscaras caseiras confecionadas com alguns materiais e concluíram que as feitas de camisolas de algodão se mostraram as mais eficazes. Essas tinham capacidade para filtrar cerca de 50% das partículas infeciosas e ainda se ajustavam melhor ao formato do rosto. O estudo não usou o coronavírus como referência.

Seja qual for o caso, as recomendações da OMS são claras: se a máscara for do tipo descartável, como o próprio nome indica, deve ser descartada após o uso. Se forem de pano, devem ser lavadas a cada uso ou se ficarem molhadas por algum espirro, portanto é interessante ter mais de uma para fazer rodízio. Para qualquer um dos modelos, deve-se lavar as mãos antes de colocá-las no rosto. Essa recomendação não elimina a necessidade de lavar as mãos frequentemente.
A conclusão é que alguma máscara é melhor que nenhuma máscara, desde que usada de forma correta e com o comportamento correto. Nas próximas linhas mostramos a forma mais indicada de aplicar a máscara descartável ou de pano ao seu rosto.
- Lave as mãos antes de lidar com a máscara ou desinfete com álcool 70%
- Manuseie a máscara tocando apenas nas alças
- Quando estiver usando a máscara, evite tocar na frente. Caso isso aconteça, lave as mãos imediatamente.
- Para remover, use apenas as alças – não toque na frente da máscara. Ela pode estar contaminada
- Lave as mãos imediatamente, após ter descartado ou se tocar na máscara acidentalmente.
- Máscaras devem ser usadas no máximo duas horas