O presente nós já conhecemos. E o futuro?

21/03/2020

Estamos diante de uma hecatombe de proporções globais. Isso já sabemos. Pois bem. Estamos a ser bombardeados por todos os lados com informações, notícias, dicas de sobrevivência, e uma quantidade enorme de estatísticas. O COVID-19 veio sem aviso e provoca pânico em todo mundo, sem exceção, mas há algo que não estamos cientes ainda: o futuro.

Não estamos diante apenas de um caso de saúde. Vamos precisar ver o mundo por vários pontos de vista. Um deles, o financeiro e comportamental.

As finanças foram abaladas e isso não vai passar em brancas nuvens. A pandemia, como foi declarada, veio para mostrar a fragilidade e a falta de preparação das nações para acontecimentos violentos como esse. No momento em que o COVID-19 avança sobre o mundo, as economias vão desmoronando, e demonstrando às empresas, e até mesmo as pessoas, essa falta de preparação para situações como essas.

Para nós, em Portugal, será um exercício de força e controle. O que há de facto, é um comportamento de guerra. Todas as atitudes públicas ou privadas são de um país que tem de se recuperar. O resto de 2020 será atípico. Por algum tempo, nada mais será como antes e em alguns casos, não deverão nunca mais voltar a ser.

Levaremos por um bom tempo, uma vida que somente nossos avós, os mais velhos podem ter experimentado, mas a maioria das pessoas nunca teve essa experiência e nem sequer conhece narrativas, porque hoje a população é formada principalmente por nascidos na década de 50 para frente e o máximo que experimentaram foram regimes políticos, mas não uma situação de guerra, com corridas a supermercados, fecho de negócios e privação de circulação.

Tudo isso vai passar, mas as consequências económicas ainda vão durar por muito tempo. Em alguns casos para sempre. Haverá perda de poder aquisitivo, portanto também haverá menos emprego na cadeia produtiva. Para que os efeitos sejam minimizados, é necessário que o governo pratique estratégias responsáveis e ponha de lado a política simples e diária à qual está acostumado.

É claro que sendo um acontecimento mundial, não se pode, no primeiro momento, achar os culpados pela gravidade das consequências financeiras, mas dá para perceber que algumas ações preventivas poderiam preservar o conforto das pessoas e empresas com mais conforto.  

Aparentemente está tudo planeado para o tempo que dure a crise, mas o que vai acontecer depois disso? Será que está contemplado o cenário de um dia a dia sem COVID-19, mas com fábricas e negócios debilitados. A exemplo das crises financeiras de 2001, 2008 e 2009, essa vai causar danos irreversíveis e deixará sequelas de longo prazo. Os mercados vão se alterar, em geral para baixo. Mercados financeiros, imobiliários, restauração, ginásios e muitos outros negócios.

Vamos imaginar que sem dinheiro para obras, os arquitetos e engenheiros, vão parar. O desemprego em alguns segmentos deixará sem dinheiro quem iria jantar fora e os restaurantes vão parar, até os cafés, tão comuns em Portugal, também serão afetados. Todos os bens e produtos serão afetados. Nessa bola de neve é que está o cerne da questão. O que virá depois e o quanto haverá de frieza para a recuperação. A crise financeira de 2008 será muito pouco perto do que vem a partir dessa pandemia.

Talvez a melhor solução seja parar de gastar agora, esperar para entender o que vai acontecer daqui para frente. Vale a pena poupar, deixar de lado qualquer aquisição que não seja absolutamente necessária. Manter no banco o seu dinheiro e não fazer nenhuma aplicação, pois qualquer uma nesse momento é arriscada. O mercado está a derreter e o resultado é a perda de seu património financeiro.

E vamos lembrar o porquê desse artigo. Devemos aprender com as experiências do passado. Se não podemos mais lembrar das grandes guerras, ou mesmo dos tempos da ditadura, vamos ler mais e entender as crises mais recentes e como elas nos afetaram, e como alguns encontraram soluções criativas para sobreviver sem um nível de stress elevado.

A memória e o civismo podem ser a solução

Diante disso, será importante ter a memória dos acontecimentos do passado e resgatar informações de como as crises foram vencidas. Serão necessárias ações cívicas que apoiem essa recuperação das comunidades, o que será semelhante ao cenário de um fim de guerra. Não veremos prédios em derrocada, atingidos por bombas, mas devido à pobreza que se aproxima, os serviços de manutenção serão de menor monta e a deterioração é inevitável, os carros serão abandonados e envelhecerão sem os devidos cuidados.

A memória será a arma para que as experiências passadas sejam trazidas para os dias de hoje e quando tudo terminar, porque não as escolas criarem mais uma disciplina em seu curriculum: memória. Sim, memória! Não história, mas aulas de superação de crises para crianças e adolescentes, que tomarão conhecimento desde muito cedo como foram superadas as grandes crises e como hoje podemos estar preparados para ajudar a população a se recuperar e fazer de Portugal esse país que é hoje e que já ressuscitou de outros desastres.

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