Irmã “Tona” permanecerá viva na memória dos sanjoanenses

09/09/2020

A 8 de setembro de 2019 a Irmã Antónia Pinho, foi assassinada de forma brutal, num crime que chocou a cidade e o país. Um ano depois S. João da Madeira homenageou a Irmã “Tona”, numa iniciativa da autarquia, em articulação com a Paróquia, numa cerimónia que decorreu no Parque da Nossa Senhora dos Milagres, local onde foi descerrada uma placa com o rosto da freira, na presença de D. Vitorino Soares, Bispo Auxiliar do Porto e de vários familiares.

Esta terça-feira, 8 de setembro, assinalou-se a passagem de um ano após a morte da freira Maria Antónia Guerra de Pinho, a Irmã “Tona”, que foi assassinada de forma brutal, por Alfredo Santos, que recentemente viu confirmada a pena máxima de prisão. Por iniciativa do Município de S. João da Madeira, em articulação com a Paróquia, realizou-se uma homenagem à religiosa, numa cerimónia que decorreu no Parque de Nossa Senhora dos Milagres. Neste local ficará agora a perpetuar uma placa com o rosto da freira, que foi descerrada pelos irmãos, na presença de D. Vitorino Soares, Bispo Auxiliar do Porto, e do Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Jorge Sequeira.

Momento da bênção da placa por D. Vitorino Soares, Bispo Auxiliar do Porto

“Acontecendo o que aconteceu, é sempre uma referência que nós não podemos esquecer”, referiu D. Vitorino Soares. “E, mais do que recordar e fazer memória desta mulher e religiosa, é também aprendermos com ela”, apelou o Bispo Auxiliar do Porto. “Que isto também seja uma iniciativa pedagógica, que possa arrastar outras pessoas naturalmente, e sobretudo que também as possa fortalecer e caminhar sobre os critérios que ela entendeu seguir na sua vida”, que segundo o Bispo, “são critérios de humanidade, que cabem a todos, e que qualquer um pode seguir, na medida que também esteja disposto a imitá-la”, concluiu.

Já segundo o autarca sanjoanense, esta homenagem do município veio ao encontro da vontade da comunidade sanjoanense, que lhe foi pessoalmente transmitida por muitos munícipes, enaltecendo a personalidade da Irmã “Tona”, vítima de um “crime brutal e violento, que atingiu também toda a nossa comunidade”, referiu.

Presidente da Câmara salientou que esta homenagem é também um ato de reconhecimento pela vida dedicada aos outros a fazer unicamente o bem

Jorge Sequeira começou por afirmar que “a paz triunfa sobre a violência, e que em conformidade com aquilo que aqui hoje estamos a realizar, a paz tem sempre a última palavra a dizer”. Salientou ainda que esta homenagem é também “um ato de reconhecimento pela vida dedicada aos outros a fazer unicamente o bem e a cuidar dos enfermos”. Jorge Sequeira afirmou ainda que a cerimónia constituiu também uma condenação profunda da violência contra as mulheres, esperando que “este seja também um momento de alerta e reflexão sobre o grave fenómeno da violência contra as mulheres”, salientando assim, que é essencial “prevenir e combater este tipo de criminalidade especialmente perverso”.

Essa condenação ficou também expressa nas palavras da secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, que não esteve presente por motivos de saúde, mas que não deixou de enviar uma mensagem, lida pela presidente da Assembleia Municipal, Clara Reis. Segundo a secretária de Estado, “o impacto da sua absoluta dedicação às outras pessoas, e a sua humanidade, será certamente o seu maior legado junto desta comunidade e na sua congregação”, acrescentando que o nome de Antónia Pinho “ecoa agora em uníssono com o de todas as mulheres que viram as suas vidas ceifadas por atos hediondos desta natureza”. Rosa Monteiro lembrou ainda nas suas palavras que as motivações que culminam em crimes de particular brutalidade contra as mulheres “estão enraizadas em assimetrias profundas entre mulheres e homens que persiste na nossa sociedade, que perpetuam as desigualdades e promovem um modelo de masculinidade violenta em relações de poder desequilibradas e que colocam as mulheres em situações de particular vulnerabilidade”.

Dezenas de sanjoanenses marcaram presença na homenagem à Irmã “Tona”

O largo da Capela de Nossa Senhora dos Milagres, foi o palco de uma cerimónia onde não faltaram vários familiares da religiosa, que de forma emocionada viveram toda esta cerimónia. Cláudia e Andreia Guerra, irmãs de “Tona”, lembram que o município esteve sempre próximo do caso e, “para nós era impensável recusar este convite, que pode ser a representação de muitas mulheres, num caso de violência contra uma mulher. Um símbolo para representar a luta das mulheres contra uma injustiça”, salientou. Nas palavras das irmãs fica a memória de uma pessoa que transmitia “uma alegria contagiante”, reconhecida por toda a comunidade. “Onde ela entrasse era como se fosse irmã de toda a gente, havendo uma grande empatia por ela”.

“Creio sempre no meu mundo”, palavras da Irmã Tona” que ficaram perpetuadas nesta placa

Um ano depois, e já com Alfredo Santos condenado a 25 anos de prisão, “estamos numa fase melhor, mas foi um processo muito complicado. É muito duro estar sempre a reviver os momentos tão maus e tão marcantes, ao longo de um ano. O processo normal é com o tempo ir esquecendo, mas o julgamento foi relativamente há pouco tempo, o que nos obrigou a ter de acompanhar”. Assim esta homenagem “é mais do que justa”, concluíram.

A partir desta terça-feira, 8 de setembro, no Parque da Nossa Senhora dos Milagres perpetua agora a imagem da Irmã “Tona”, numa cerimónia marcada pela emoção e as boas recordações que ela deixou, permanecendo viva na memória dos sanjoanenses.  

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