Francesinha, cerveja artesanal e uma pitada de humor

06/08/2020

A “francesinha”, é ainda nos dias de hoje um prato procurado por muitos e com bastantes adeptos, mesmo tratando-se de apenas uma sanduíche com diversos ingredientes, e sobretudo picante. Com o tempo foi sujeita a diversas adaptações e inovações, não deixando de merecer os mais rasgados elogios, inclusive por grandes apreciadores e críticos de culinária mundial, como Anthony Bourdain, que a considerou “uma combinação imortal”. S. João da Madeira não é propriamente a capital desta iguaria, no entanto, é palco de uma das inovações e novas versões. Esta quarta-feira, 5 de agosto, o produto teve o lançamento oficial, associado ao lançamento de uma marca de cerveja artesanal, que terá sempre consigo uma pitada de humor, ou não fosse sócio da marca o humorista João Seabra.

A francesinha, é um prato tradicional português, que surgiu no Porto, corria o ano de 1952, pelas mãos de Daniel David de Silva, um jovem que havia estado emigrado na Bélgica e era proprietário do Restaurante Regaleira, na Rua Sá da Bandeira. Querendo inovar, inventou uma sanduíche generosa, banhada a queijo derretido e molho alaranjado. Com ajuda de um amigo a quem deu a provar a sanduíche, chegaram ao nome de “francesinha”, devido ao facto de se tratar de um prato picante, que o levou a fazer a analogia das mulheres portuguesas da altura serem muito conservadoras, mas as francesas, pelo contrário, bem mais liberais e confiantes. E, estava assim dado início a um nova iguaria que ainda hoje é um sucesso e é merecedora das mais diversas adaptações.

Em pouco tempo a “francesinha” tornou-se um caso de sucesso, e saiu para lá das fronteiras do Porto. De repente já estava em Gaia e em outras cidades do norte do país. Com todo este mediatismo, rapidamente levou à questão de qual será mesma a melhor “francesinha” do país? Para alguns a diferença poderá estar nos ingredientes, mas para outros simplesmente no molho. Fiambre, queijo, linguiça, um bife de vaca, pão e molho são alguns dos elementos mais facilmente encontrados, mas as variantes são quase infinitas, ao ponto de que há quem lhe espete um camarão no topo.

Francesinha do Bistrô da Dona Isa

A diversidade de bebidas alcoólicas nele utilizadas e a sua quantidade, afectam de forma determinante o seu sabor e a sua acidez ou doçura. Existem restaurantes que fazem molhos de excelência cuja combinação de ingredientes é um segredo que dura há gerações.

Mas se considerarmos o molho como a alma da “francesinha”, a qualidade das carnes utilizadas e até o tipo de pão que se usa não podem ser secundários. Estes são a estrutura, e que podem fortemente influenciar o paladar final. De confecção barata, tornou-se um prato do povo acabando por se transformar numa das mais apreciadas iguarias da cidade do Porto, ao ponto de existirem restaurantes especializados.

Humorista João Seabra é sócio gerente da Alma e Isaura Costa gerente do Bistrô da Dona Isa

Mas, como já tínhamos constatado, rapidamente se espalhou pelo norte do país, chegando a S. João da Madeira, com um toque do Brasil. O tradicional bife de vaca e a linguiça foram substituídos pela picanha laminada e salsicha calabresa, dentro de um pão muito diferente do tradicional, transformando-se numa refeição de sabores intensos, à procura de uma bebida que acompanhe bem e refresque o tradicional picante que a caracteriza.

Esta quarta-feira, 5 de agosto, o Bistrô da Dona Isa, associou-se à marca de cerveja artesanal Alma, e fez o lançamento oficial da “francesinha”, e de algumas das cervejas, de um leque de 10 sabores alternativos do cardápio da marca minhota. O humorista João Seabra é um dos sócios da marca, e marcou presença no evento, dando a conhecer um pouco mais da Alma Minhota, Alentejana e Lisboeta, com sabores distintos bem característicos, numa noite da francesinha, cerveja artesanal e uma pitada de humor.

Cerveja Artesanal Alma

Mas, na verdade, foi o humor o primeiro amor de João Seabra. No entanto confessa “já na altura eu bebia muita cerveja, sem nunca estar a pensar em produzi-la”. No entanto, em 1992, numa visita a Bruxelas, conhecida como a capital da cerveja artesanal, “espantou-me a quantidade de cerveja que eles tinham lá, enquanto que em Portugal não tínhamos”, confessando que lhe abriu a curiosidade. Mais tarde, por volta de 2008, através de um documentário televisivo, com a história de um americano bem sucedido no ramo, acompanhou os vários episódios, onde era mostrado o processo de fabrico das diferentes cervejas artesanais. E, foi aí que “ganhei um pouco mais de curiosidade do como e porquê, e comecei a comprar livros, investigar e estudar um pouco mais sobra a cerveja”. Daí até começar a fazer cerveja em casa foi um instante. Lembra que fazia e engarrafava e levava para os amigos provarem. “Aos poucos íamos experimentando coisas novas, diferentes e foi muito assim que cheguei lá”.

Uma noite de degustação de sabores do norte

João Seabra recorda que durante décadas existiam duas marcas de cerveja que dominavam o mercado, mas, entretanto, por volta de 2010, “surgiram novas marcas de cerveja artesanal que vieram trazer outros sabores e outros tipo de cerveja. Este tipo de cerveja tem muito público, que procura coisas novas e diferentes, que levou ao surgimento de tantas marcas”. Esse público é vasto e não escolhe idades, e as várias marcas “procuram oferecer essa diferença, tentando chegar a todos os públicos e paladares”.

Uma cerveja com Alma do Minho

A Alma é o nome escolhido para esta marca de cerveja artesanal que nasceu na capital do Minho, a cidade de Braga. “Este foi o nome que surgiu e foi bem escolhido, porque representa muito de nós, ao mesmo tempo que é um nome que tem muita amplitude”, refere o humorista e sócio da empresa, que agora diz ter mais tempo para se dedicar à cerveja, visto o número de espetáculos ter decaído bastante. Apesar disso, o período de confinamento mexeu muito com o negócio, com os bares e restaurantes fechados e as vendas caíram, e agora “as pessoas têm medo de arriscar em novos produtos, em terem stock”, no entanto acredita que em 2021 “só pode melhorar”, concluiu.

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