Oposição acusa. Árvores foram abatidas sem estudo fitossanitário

20/06/2020

O abate de árvores na Praça Luís Ribeiro, em S. João da Madeira, continua a ser matéria de discussão na cidade. Recorde-se que, numa fase inicial do corte das árvores, apareceu uma petição pública a apelar à suspensão do abate. Entretanto, o assunto chegou à reunião de Câmara Municipal pela mão da oposição, que pediu esclarecimentos, tendo em conta que numa primeira fase o presidente da Câmara Municipal, Jorge Sequeira, havia sustentado a decisão com base num estudo fitossanitário. Mas, ao que tudo indica, afinal não existia nenhum estudo fitossanitário, mas sim um relatório elaborado pelo chefe de divisão, o arquiteto Joaquim Milheiro.

O abate das árvores na Praça Luís Ribeiro, em S. João da Madeira ainda faz mexer a opinião pública e voltou a ser tema da última reunião de Câmara Municipal, com o vereador Paulo Cavaleiro, da coligação PSD/CDS-PP a questionar o executivo sobre o anunciado estudo fitossanitário, que afinal “não o é”, referiu o vereador.

Recorde-se que, esta matéria foi motivo de uma petição pública a apelar à suspensão do abate das árvores, mas de nada valeu, tendo sido abatidas todas as árvores da Praça Luís Ribeiro. Na sequência desta decisão, a oposição questionou o presidente da Câmara Municipal, Jorge Sequeira, com que base é que havia sido decidido o abate total das árvores. Numa primeira instância, o edil sanjoanense referiu a existência de um estudo fitossanitário, que sustentava a urgência do abate, mas após a requisição desse documento, o que se veio a verificar é que se tratava de um relatório elaborado pelo chefe de divisão da autarquia, o arquiteto Joaquim Milheiro, que sustenta na sua alegação que se constata “fragilidade estrutural destes espécimes em consequência das doenças que as árvores apresentam em resultado das inúmeras podas (amputações) agressivas efetuadas de há mais de vinte anos a esta parte e que originaram o aparecimento de patologias que colocam em risco a segurança estrutural destes espécimes”, pode ler-se no relatório.

Árvores abatidas na Praça Luís Ribeiro

No mesmo relatório, pode ainda ler-se que “trata-se de uma situação particularmente grave, sendo aconselhada a eliminação completa das árvores atacadas, raízes incluídas, bem como das suas vizinhas. Embora penosa de suportar, esta solução é a única válida no atual estado de conhecimentos e no interesse da proteção dos plátanos contra essa doença fatal”.

Paulo Cavaleiro mostrou-se surpreendido perante o que lhe foi enviado. “Nós pedimos um relatório e aquilo que nós enviaram foi um documento que é uma informação”, lembrou. “É curioso que nos enviaram uma informação que faz menção ao relatório, mas não enviaram propriamente aquilo que solicitamos”, referiu. Em resposta, Jorge Sequeira, afirmou que “as árvores têm sido abatidas devido a problemas fitossanitários identificados”, e que a não existência desse relatório “não nos deve impedir, em casos de urgência, de tomar decisões que acautelem a segurança das pessoas”, assegurou. No entanto, não quis deixar de dizer que “tivemos a colaboração da UTAD”, na indicação de profissionais qualificados na área, tendo sido lançado um convite, “com vista a fazer uma avaliação geral do estado das árvores na cidade, mas para nossa surpresa, infelizmente, essa pessoa recusou-o”. O presidente da Câmara apesar desta recusa, adiantou que “estamos a tentar encontrar outra solução para fazer o levantamento geral fitossanitário da cidade”, concluiu.

Apesar das explicações, Paulo Cavaleiro reforçou a sua posição e diz-se surpreendido pela não existência do relatório. “Eu já vi cortar árvores noutros sítios e achei que estava a ser feito com base num estudo fitossanitário. Afinal esse levantamento não foi feito! Afinal muitas das árvores que foram cortadas não cumpriram com aquilo que o senhor presidente anunciou, com grande pompa e circunstância de que iríamos fazer um estudo . Isso preocupa-me”, concluiu.

Jorge Sequeira insistiu na premissa de que algumas árvores foram abatidas, “por apresentarem patologias graves que punham em causa a integridade física das pessoas”, ou ainda por outros problemas “climatéricos ou temporais que afetaram o seu equilíbrio”, argumentando ter sido esse o critério para o abate das árvores.

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