15/06/2020
O número de desempregados em Portugal teve uma subida homóloga de 22,1% em abril, tendo-se registado 392.323 inscritos no centro de emprego, segundo anunciou o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), durante o passado mês de maio. Já em relação às Terras de Santa Maria e Ovar, que resolvemos incluir neste termo de comparação, a subida homóloga é de 17,1%, tendo-se registado 1.830 inscritos no centro de emprego.
O número de desempregados em Portugal teve uma subida homóloga de 22,1% em abril, e a região das Terras de Santa Maria e Ovar seguiram no mesmo sentido, apresentando uma subida de 17,1&. De acordo com os dados disponibilizados pelo instituto, um período tão negativo já não se verificava desde março de 2018, quando havia 393.335 pessoas inscritas no centro de emprego. Vários fatores podem estar na génese deste crescimento do desemprego, e um deles foi a pandemia do novo coronavírus. E, os números do desemprego só não terão agravado ainda mais, provavelmente porque foi atenuado com o layoff, uma ferramenta que permitiu a alguns empresários manter os postos de trabalho.
Perante os dados divulgados, o Algarve é seguramente a região mais penalizada pelo aumento do desemprego. Dependente maioritariamente do turismo, um dos setores mais afetados com o impacto da pandemia da Covid-19, registou-se um aumento homólogo de 123% no número de desempregados, em comparação com o resto do país onde se observa um aumento de 60,6% no mesmo setor de atividade. É ainda possível constatar nos dados divulgados que 40 concelhos do país apresentam um número de inscritos que ultrapassou os 50% e em 102 o agravamento foi superior a 25%.

Mas, apesar deste quadro negro, há vários concelhos onde o número de desempregados inscritos até caiu, sendo que a maioria são do interior norte. Ao todo foram 54 o número de concelhos onde essa tendência se verificou, o que representa cerca de 20% do total. Na região, Ovar e Espinho são dois bons exemplos, onde se verificaram uma descida dos valores do desemprego. O concelho de Espinho diminuiu 17,4% (menos 286 desempregados) e Ovar 3,1% (menos 64 desempregados). São de facto exceções num Portugal pintado em tons de vermelho, um sinal de alerta para uma preocupante taxa de desemprego, que poderá revelar números ainda mais negativos, até porque os dados do relatório do IEFP são relativos ao mês de abril. Assim sendo, estes dados podem pecar por defeito quanto à dimensão do desemprego, já que nesse mês grande parte da população estava sujeita a um maior confinamento e podem não ter procedido à inscrição no centro de emprego à procura de novo posto de trabalho.

A maioria dos concelhos da região das Terras de Santa Maria revela valores que vão na tendência negativa da maioria do país. Oliveira de Azeméis aparece à cabeça com um aumento da taxa de desemprego que atinge os 60,9%, equivalente a mais 707 desempregados do que no mesmo período homólogo e S. João da Madeira, com 58,9%, correspondente a mais 359 desempregados. Santa Maria da Feira, o concelho com maior densidade populacional é aquele que também tem um maior número de desempregados, no entanto o crescimento do desemprego em termos percentuais é muito menor do que os concelhos de Oliveira de Azeméis e S. João da Madeira, apresentando um aumento de 21,8%, com mais 952 desempregados. Arouca teve um aumento de 18,4%, com mais 88 desempregados e Vale de Cambra com 19,5%, correspondente a mais 74 desempregados.
Concelhos | Abril 2019 | Abril 2020 | Variação |
Oliveira de Azeméis | 1161 | 1868 | 60,9% |
S. João da Madeira | 610 | 969 | 58,9% |
Santa Maria da Feira | 4360 | 5312 | 21,8% |
Vale de Cambra | 380 | 454 | 19,5% |
Arouca | 478 | 566 | 18,4% |
Ovar | 2065 | 2001 | -3,1% |
Espinho | 1647 | 1361 | -17,4% |
Em termos líquidos, no período em análise registaram-se mais 71.083 pessoas desempregadas em Portugal, comparando com o mesmo mês de 2019. Face a março deste ano, o número de desempregados cresceu 14,1%, ou 48.562 pessoas.