Ainda no primeiro tempo. Sai Mário, entra João

11/06/2020

Já era esperado. Era uma questão de data e hora. Depois dos mais recentes desencontros e dessa vez cada um indo em uma direção, não havia dúvidas de que as coisas mudariam. Para uns ele abandonou o Governo, para outros ele foi demitido, mas a verdade é que Mário não é mais Ministro das Finanças, e só para deixar claro, foi ele quem pediu as contas. E o que isso tem a ver connosco?

Na prática pouco se espera de mudanças no cenário atual. Mário Centeno já vinha há algum tempo com olhos fora do Governo, e seu substituto, João Leão já vinha atuando como um fiel escudeiro, ou se preferirem, um estagiário de alto nível, com presença constante nas reuniões ministeriais.

A saída de Mário Centeno não tem a ver com nenhuma mudança estratégica no Governo, mas com o desgaste e com as novas ambições do agora ex-Ministro, nomeadamente o cargo de Governador do Banco de Portugal. Pesou também algum desgaste nos últimos tempos, principalmente o mais recente episódio dos 850 milhões de euros transferidos para o Novo Banco sem o conhecimento do Primeiro Ministro António Costa, que segundo contam teria sido resolvido em uma reunião na noite de 13 de maio.

Não é para todos que a demissão é um motivo de tristeza.

João Leão tem 46 anos, é licenciado em Economia na Universidade Nova de Lisboa e doutorado em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), e desde 2008 é professor de Economia no Instituto Universitário de Lisboa. Foi diretor do gabinete de estudos do Ministério da Economia entre 2010 e 2014. Bem, curriculum ele tem para fazer um bom trabalho. 

Houve uma estratégia cuidadosa e talvez louvável. Não se fizeram muitas ondas na saída do Ministro. Se teve o cuidado de esperar a apresentação do orçamento suplementar antes de tornar a demissão oficial, se bem que nos meios a saída já fosse dada como certa. Os movimentos no mercado financeiro, mantendo-se em patamares estáveis, mostram que a saída de Centeno não teve grande impacto junto aos investidores. Traduzindo, teremos mais do mesmo.

Dos maiores executivos de mercado consultados por diversas mídias, nenhum demonstrou sobressalto ou preocupação com relação à troca de Ministros. A maioria cita a origem orçamentária de ambos os Ministros, o ex e o atual. Há ainda os que defendem que o perfil altamente técnico de João Leão, é uma mais valia no que se refere à credibilidade e experiência.

Quem, de certa forma, sai a perder, é o Governo de António Costa, que poderá ter mais dificuldades, tanto na imagem, pois sempre num há um desgaste na troca de um executivo, como pela imagem de segurança que Mário Centeno imprimia ao Governo. A verdade é que com os efeitos da pandemia, ficou mais difícil fazer previsões seguras e por algum tempo ainda teremos de navegar em águas turbulentas e precisamos esperar para ver o que a troca de capitão durante a tempestade fará ao nosso já combalido barco. Já será bastante bom se avistarmos terra nos próximos meses.

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