Correr, sim. Mas, atenção à distância social.

10/05/2020

Desde que entramos em Estado de Calamidade, o aumento de número de pessoas a praticarem desporto na rua aumentou exponencialmente. A prática de desportos ao ar livre passou a ser permitida, desde que sejam evitados os aglomerados e no cumprimento das devidas distâncias de segurança, no entanto surgem algumas dúvidas se devemos apenas manter a distância de dois metros, ou se nestes casos é necessário muito mais, pois o esforço físico é muito maior, aumentando a nossa necessidade de maior ventilação pulmonar.

Fazer exercício ao ar livre sempre foi uma necessidade para muitos, mas depois do confinamento a que todos fomos sujeitos, no âmbito da pandemia do novo coronavírus, a vontade associou-se à necessidade de dar uma corrida. E, se a isto juntarmos que os hábitos de vida saudável devem ser seguidos por todos, porque precisamos de um sistema imunológico competente para combater as infecções, como é o caso da Covid-19, então, ainda mais faz sentido mantermos o nosso corpo forte e saudável. Por isso, a atividade física, uma boa alimentação e a hidratação são fundamentais neste processo.

Mas, numa fase de tantas restrições e cuidados redobrados com possíveis contágios, é ainda mais importante que o exercício seja realizado ao ar livre, já que em ambientes fechados a contaminação ocorre mais facilmente. No entanto, é bom recordar que quando praticamos desporto é nos exigido um esforço que seguramente não será o mesmo que estar numa fila ou ir ao supermercado. Os nossos pulmões precisam de ventilar com muito mais frequência o que vai permitir um espectro de alcance das gotículas que são expulsas na expiração muito superior àquela que existe no cidadão comum quando está parado, e, por isso, as distâncias de segurança e os cuidados devem ser maiores.

Que distância devemos manter quando fazemos uma corrida ou uma caminhada?

Desde que entramos em Estado de Calamidade, que a prática de desportos individuais ao ar livre passou a ser permitida. Para isso é preciso que os praticantes cumpram com as regras exigidas, como evitar os aglomerados e manter as devidas distâncias de segurança. Mas, mesmo assim, muitas dúvidas se levantam quanto à necessidade de mantermos a distância de segurança de dois metros, para com os outros, quando estamos a efetuar uma corrida.

Por isso, algumas das questões muito frequentes são – qual será verdadeiramente a distância de segurança quando se pratica uma atividade física de grande intensidade? Será que as pessoas têm noção de que praticar exercício físico não é o mesmo que estar numa fila de supermercado?

É do conhecimento público que a nossa ventilação pulmonar se intensifica quando aumentamos o esforço físico, e com isso a produção de gotículas que são expulsas no processo de expiração, que passa a ser muito superior àquela de quem se encontra parado. Um estudo de uma universidade belga e holandesa assegura que fazer desporto acompanhado, pode potenciar o contágio, caso não se tenha os devidos cuidados de proteção. Pois, quando se está a dar um passeio, uma corrida ou em cima de uma bicicleta em andamento, se em algum destes momentos a pessoa tosse ou espirra, as partículas libertadas por ela ficam para trás. Além disso, o próprio respirar da pessoa pode libertar gotículas e contaminar quem vai atrás de si, demonstrando que o risco de contaminação é maior quando as pessoas circulam imediatamente atrás uma da outra.

No caso de realizar uma corrida ou caminhada a dois, lado a lado e/ou com vento fraco, as gotículas não atingem nenhum dos dois. Ao invés disso, ficam para trás. E, tendo por base os resultados do estudo, os investigadores aconselham alternar as distâncias consoante o exercício. Assim sendo, as corridas feitas em linha devem guardar uma distância de 4-5 metros entre pessoas. No caso de corridas ou ciclismo lento, a distância deve guardar os 10 metros, ao passo que ciclismo deve guardar 20 metros.

Uso de máscara não é recomendado na prática desportiva

Mas, muita atenção também para quando se cruzam com alguém que vem em sentido contrário, mesmo que seja por escassos segundos, pois a possibilidade das gotículas emanadas serem expiradas pelo outro são muito grandes, havendo risco de contágio.

A somar a isto, como o uso de máscara não está aconselhado na prática desportiva, o distanciamento social associado à intensidade da prática desportiva é sem sombra de dúvidas a melhor medida de prevenção. Por isso, faço desporto, mas tenha cuidado consigo e com os outros.