Progresso encerra trilogia temática e propõe novos horizontes de futuro

21/02/2025

Foi apresentado, na manhã da passada quinta-feira, a 24ª edição do Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira, que acontece de 22 a 25 de maio. Depois do Sonho, em 2023, Liberdade, em 2024, é o Progresso que encerra esta trilogia temática, que propõe uma reflexão profunda sobre o progresso, questionando os impactos sociais, tecnológicos, ambientais e culturais, em forma de arte. Dotado de um orçamento de meio milhão de euros, sendo que 210 mil euros são dedicados à programação, a edição deste ano do festival apresentará 120 horas de programação distribuídas por 43 performances e instalações, a cargo de 43 companhias de 17 países, com a participação de 170 artistas.

Mais uma vez, e seguindo a tendência para a escolha de espaços inusitados para a apresentação de cada edição, este ano a escolha para a apresentação do Imaginarius recaiu sobre uma lavandaria self-service, uma vez que este é o mote de um dos espetáculos, que deu a conhecer que em maio o centro de Santa Maria da Feira será palco de mais uma grande edição do Festival Internacional de Teatro de Rua de Santa Maria da Feira. Para Amadeu Albergaria, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, a opção por esse espaço está associada ao facto de haver uma relação com a vida moderna que diz representar uma certa solidão. “Vamos à lavandaria quando estamos sozinhos e depois encontramos lá outras pessoas. Talvez o Progresso tenha caminhado para esta nova forma de solidão, tal como antes se ia solitariamente aos lavadouros públicos e depois eles se tornavam um ponto de encontro”.

Para o edil feirense a lavandaria combina com “a grande missão do festival, que é a de levar a arte ao espaço público e incentivar a população a redescobrir a cidade, ela própria feita de operários irredutíveis da cultura. Por isso, para si, o Imaginarius é muito mais do que um festival. É um “palco de vida”, que transforma vidas e desperta produção e inquietação (…) que procuramos trazer todos os anos à cidade”, e que fazem do Imaginarius “não apenas um momento, mas simum sonho de gerações que vai crescendo”.

A 24.ª edição promete contemplação, crítica e esperança e é o fecho de uma trilogia temática Sonho (2023), Liberdade (2024) e Progresso (2025) que perspetiva e propõe outros e novos horizontes de futuro. “O progresso do conhecimento, o progresso como aperfeiçoamento moral, o progresso como emancipação, o progresso e os seus limites”, como descreve Gil Ferreira, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira.

Festival apresenta um caráter inovador e experimental

Durante quatro dias de programação, 170 artistas, de 43 companhias, de 17 países, irão proporcionar aos visitantes 120 horas de conteúdos, em 43 espetáculos/instalações, em 135 apresentações, das quais 25 são estreias nacionais e 11 absolutas, para além de nove criações próprias, em 15 palcos.

O grande destaque da programação é o espetáculo “Le grand mire / A grande mira”, da companhia francesa Deus Ex Machina, que apresenta uma combinação de teatro com trapézios fixos, dança pendular, números aéreos sobre tecido e ‘videomapping’ numa esfera insuflável de 200 quilos, elevada a 15 metros de altura. Mas há mais destaques que merecem ser referidos, e que podem ser vistos em novos espaços como o renovado Mercado Municipal, a escadaria nas traseiras das piscinas e os degraus de acesso à Igreja da Misericórdia, como o espetáculo de abertura, “Orquestra de malabares”, da Pistacatro (Espanha) em colaboração com 30 elementos da Banda Sinfónica de Jovens de Santa Maria da Feira, que une circo e música em um balé aéreo onde instrumentos e objetos de malabarismo se fundem.

Numa tentativa de apelar aos mais diversos públicos, sendo “sedutora”, como a própria gestora do projeto Imaginarius, Telma Luís,denominou a sua apresentação, destacou ainda “Phloeum /Floema”, uma das nove produções próprias do festival que resulta de uma chamada internacional na categoria de circo contemporâneo, a propósito da classificação de Santa Maria da Feira como Cidade Criativa da UNESCO. O espetáculo foi desenvolvido pelo coletivo finlandês Lumo Company e consiste numa experiência imersiva com gastronomia, arte culinária e movimento, “nos limites entre corpo, som e natureza”.

Como que enquadrando o facto de ter sido a apresentação numa lavandaria, “Anti-Nódoas”, em que a companhia portuguesa Mnemos usa o humor como ferramenta de crítica social na análise de “temas profundos como a condição feminina”; “Virtual Reality /Realidade Virtual”, em que o quarteto de mimos ucranianos Dekru explora a influência dos meios digitais na vida contemporânea; e “The Grannies / As Avós”, em que a dupla suíço-irlandesa Bill and Fred Productions mostra como duas seniores já lentas de movimentos podem ser “jovens de espírito, cheias de atrevimento”.

Rina Marques e Rui Paixão

Telma Luís destaca que o programa de 2025 inclui ainda uma “instalação-intervenção” sob o título “Home/Land”, em que a companhia franco-americana Begat Theatre joga com o sentido das palavras inglesas “Homeland” / “Terra natal”, “Home” / “Lar” e “Land” / “Terra” para levar atores e espectadores a descobrirem e comentarem “testemunhos de exílio, origens, alteridade e raízes arrancadas ou reencontradas”, e por último, e não menos importante, o destaque para o regresso de Rui Paixão com “Final Girl”, interpretada a solo por Rina Marques. Com uma linguagem muito própria, “Final Girl” cruza o clown, o teatro e a dança, evidenciando o lado “ultra-expressionista” de Rui Paixão, num solo para o feminino, “fresco, intenso, ritmado”, com uma mensagem implícita para cada um descobrir. Nesta criação, apoiada pela Chamada de Apoio à Criação Local, Rina Marques sai da sua zona de conforto para entrar no universo de Rui Paixão, que há muito queria experimentar no seu próprio corpo. Em maio, Rui Paixão e Rina Marques terminam o processo criativo de “Final Girl” na terceira residência artística a realizar em Santa Maria da Feira.

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