25 de abril celebrar em casa ou no Parlamento

20/04/2020

Celebração do 25 de abril na Assembleia da República envolta de polémica. Há quem não veja com bons olhos a realização da tradicional cerimónia protocolar no parlamento, tendo em linha de conta o Estado de Emergência e as medidas que indicam a não realização de eventos em que envolva um grande aglomerado de pessoas. Em sentido inverso, há quem considere que é importante manter a tradição e celebrar a liberdade. Estão já a circular duas petições, uma a favor e outra contra a realização da cerimónia.

Nunca as celebrações do 25 de abril tinham levantado tanto polémica como a que está a acontecer este ano. A razão prende-se com o Estado de Emergência imposto no território nacional, no qual o Governo impede que haja ajuntamentos de pessoas, e no caso das celebrações do 25 de abril, irá ter 130 pessoas no parlamento. Neste momento estão a circular duas petições contrárias, em que uma apela ao cancelamento das celebrações e outra que é favorável à realização da mesma. O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, já garantiu que a proposta de comemoração do 25 de abril aprovada no Parlamento “será cumprida”, lembrando que cerca de 90% dos representantes dos deputados disse ser favorável à realização. E, acrescentou que, “mais do que em qualquer outro momento”, o 25 de abril “tem de ser e vai ser celebrado” no Parlamento. “A Assembleia da República não saiu do terreno da vida política democrática com a pandemia, o Estado de Emergência ou a pressão de saudosistas, anti-parlamentares ou seguidores de fake news“, acrescentou. Estas declarações surgiram logo após o presidente do CDS ter informado que não ia participar das tradicionais comemorações. Isto já depois de Ferro Rodrigues ter reagido à intervenção do deputado do CDS, João Almeida, em pleno Parlamento.

Cravos – Símbolo do 25 de abril

Do lado do Partido Socialista, Ana Catarina Mendes, considera que as críticas feitas às comemorações têm uma motivação “ideológica” e não de defesa da saúde pública. Mas, há quem não concorde dentro do partido. O histórico socialista João Soares afirmou na rede social Facebook que está contra as sessões comemorativas do 25 de abril na Assembleia da República. O antigo ministro da Cultura disse ser “um disparate persistir na ideia” de celebrar o Dia da Liberdade “no modelo tradicional”. E conclui a sua publicação pedindo para que “revejam a decisão infeliz que tomaram e venham para as janelas e varandas de vossas casas, locais de trabalho, hospitais, cantar connosco a Grândola e a ‘Portuguesa’ às 15 horas de 25 de Abril de 2020”, sugere.

Manuel Alegre

Contrariamente à opinião do filho de Mário Soares, o histórico socialista, Manuel Alegre, lidera uma petição a favor das celebrações do 25 de abril no Parlamento, que já foi assinada por mais de 8.000 pessoas, defendendo que “a democracia não está suspensa” e  que”é perfeitamente natural e legitimo que o parlamento comemore o 25 de abril”. E, considera que há um aproveitamento político em torno do tema. Em sentido contrário já havia surgido uma petição, pedindo o cancelamento das comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República, e que conta já com mais de 65.000 assinaturas.

Para já, independentemente de todas as críticas, a decisão é para que se realizam as celebrações do 25 de abril na Assembleia da República, e cumprindo a vontade da decisão da conferência de líderes, que teve o apoio da maioria dos partidos: PS, PSD, BE, PCP e Verdes. O PAN defendeu o recurso à videoconferência, a Iniciativa Liberal apenas um deputado por partido, enquanto o CDS-PP, que propôs uma mensagem do Presidente da República ao país, e o Chega foram contra.

25 de abril de 1974

Entretanto, já na sexta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, havia reafirmado que irá participar na sessão comemorativa do 25 de Abril no parlamento, “com um número exíguo de deputados”, e do 10 de Junho, numa “cerimónia simbólica” junto ao Mosteiro dos Jerónimos.

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